Conheça a banda Kabalah
Daniel Ottoni - Ragga
A banda Kabalah surgiu há três anos e depois dos dois primeiros integrantes tocarem por algum tempo diversos ritmos, encontraram no reggae roots sua melhor forma de expressão. Mais dois componentes foram incorporados ao grupo, considerado uma verdadeira família pela energia e assimilação de uma ideia de fazer um som que saia do lugar comum, com a presença de ritmos como o samba, rap e o ragga. Atualmente, a banda conta com quatro integrantes (Rodolfo Radu, na voz e guitarra, Digão, também na guitarra, Matheus no baixo e Râmede, na bateria). Apesar da formação, os caras garantem que existe uma banda de apoio, que também faz parte da família Kabalah. Dependendo da situação, um ou outro integrante é convidado para se apresentar.
A banda considera que este é o melhor momento da carreira, apresentando um som com um nível bem superior ao de anos atrás, principalmente pelas parcerias realizadas. “Tivemos um grande apoio do produtor musical e MC Eazy-CDA, que é um cara que trabalha na área do hip hop há mais de 15 anos e que possui um vasto conhecimento e experiência na área musical. Ele conhece muito de produção musical e nos ajudou bastante na condução do trabalho”, conta Rodolfo. Outro artista fundamental para o trabalho do Kabalah foi Júnior Bocca, nome já conhecido da cena de reggae em Minas e no Espírito Santo. “O Bocca acertou bem o nosso som no tempo em que estivemos juntos. Ele percebeu a nossa ideia de ter no reggae a essência do trabalho, viu que alguma coisa boa que podia sair dali”, completa Digão.Junior Bocca e Dudu Bosco participaram do EP da banda que teve como título “Música, expressão da alma” e que contou com as músicas “Energia”, “Sementes da Vida” (participação de Eazy), “Frutos de Paz”, “Samba Jah” e “Todo Pensamento Ela”. A importância desse primeiro EP é inegável, mas o grupo reconhece que o momento não era o ideal. “Hoje a gente percebe que estava em um momento cru, um tanto imaturo”, relata Digão. Mas, definitivamente, a experiência ajudou bastante.
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A banda prepara para 2009 o lançamento do seu primeiro CD. Mesmo sem previsão de data, o grupo já trabalha em estúdio as 12 faixas que devem entrar no novo trabalho. Uma das surpresas deve ficar por conta de uma bônus track, com a galera mandando um dub, estilo marcante do reggae, mas difícil de ser ver em bandas do gênero. “Devemos soltar, em breve, três faixas que estarão presente no novo CD, mas que não serão nossas músicas de trabalho”, entrega Digão.
O nome do grupo surgiu após um sonho do vocal Rodolfo. “Sonhei com o nome Kabalah e fui procurar saber do que se tratava. Descobri que sua origem é judaica e que se trata de um alto nível de consciência espiritual, onde o ser evolui através da paz interior, da busca da felicidade e da humildade”, analisa. Rodolfo acredita que, de alguma forma, isso estava predestinado. O nome anterior do grupo era Balah House e o novo nome que apareceu no sonho é bem parecido. “Acho que tem muito a ver com o crescimento significativo de cada um da banda, da evolução que cada um encontrou dentro do grupo”, mostra.
Um dos lugares que acabou sendo importante para o grupo foi a casa de shows Ziriguidun. “Quando tocamos lá, percebemos uma identificação muito grande do público com o nosso som. Isso deu muita força pra gente manter a nossa linha de trabalho e investirmos naquilo que acreditávamos. O lugar realmente abraçou a nossa proposta”, solta Râmede. O Ziriguidun realizada, a cada 15 dias, um evento chamado Reggae Night, com uma banda diferente a cada edição. Movimentos como este carecem em BH.
Dentre as influências do grupo, de tudo um pouco, desde samba, passando pelo jazz e rap. Mas alguns nomes não podem ser esquecidos. “Ben Harper, Tribo de Jah, Sérgio Pererê e Marku Ribas são os artistas que eu tenho escutado com mais freqüência ultimamente”, conta Rodolfo. Para Râmede, a influência do rap, vinda do irmão mais velho, sempre teve uma importância muito grande. “Como músico, sempre tento colocar um pouco de groove no nosso som, saindo da mecânica tradicional do reggae e trazer um balanço diferente”, conta. É o que eles chamam de reggae-concreto. No caso de Digão, a maior influência, ainda mais para guitarristas, é de Ernest Ranglin. “Ele mistura ska, reggae e jazz. Para quem toca guiatarra, esse cara é fundamental”, admite.
Para Râmede, o reggae tem um grande potencial, ainda não aproveitado. “A gente vê reggae nas ruas da Bahia e o Afroreggae no Rio. Mas em BH, falta algo, um projeto que dê identidade e referência para o estilo. O acesso à informação não é o ideal, muitas restrições são vistas por aqui. O reggae é um movimento que deve ser trabalho dentro das escolas, como uma forma de cultura e educação. Mas o preconceito persiste, muita gente considera o reggae sujo, favelado e maconheiro. O que deve acontecer é uma verdadeira quebra de paradigmas e estereótipos”, finaliza. Para Digão, outro apoio que falta é dos meios de comunicação. “Isso ajudaria a levar para o pessoal o que se trata o reggae e levar algum tipo de influência à sociedade”.
Para quem gosta de reggae, o som do Kabalah é forte e marcante. Por pouco tempo, tive a oportunidade de ouvir o ensaio da banda e sentir que entre os caras, rola realmente uma energia, algo de diferente. A banda busca e consegue sair do lugar comum, de uma forma natural, sem fazer muita força. O caminho dos caras está trilhado. Reggae como o do Kabalah não é fácil de se ver por aí, ainda mais em BH, cidade ainda carente de um fortalecimento da cena regueira. Para quem quer conferir, os caras vão se apresentar no Deskareggae Beneficente, que rola nesta sexta, no Terra Brasil (Avenida Brasil, 326, Santa Efigênia)
Serviço
Deskareggae Beneficente
Dia 26 de junho de 2009, a partir das 21h
Local: Terra Brasil - Avenida Brasil, 326, Santa Efigênia, BH
Bandas: Kabalah (BH), Ukiemana (São Lourenço, MG)
Jah I Ras (SP)
Entrada: R$ 10 um 1kg de alimento ou R$ 15 (cerveja a R$ 1 até as 23h)
Informações: (31) 9702-0094 / 8842-0013
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